Olá, pessoas, tudo bem com vocês? Tenho certeza que a grande maioria que frequenta esse blog conhece o Mano Brown, um dos precursores do rap brasileiro com seu famoso grupo Racionais.
Atualmente, o Mano Brown faz trabalhos “solo” e será do seu trabalho mais recente que falaremos aqui hoje, o disco Boogie Naipe, um dos discos mais importantes para a compreensão da black music no Brasil.
Se você gosta de hip hop, soul, funk, rap, e até mesmo de musica disco, esse artigo é pra você, vem com a gente pra saber mais sobre esse álbum que faz uma didática retrospectiva musical.
Boogie Naipe e a black music no Brasil
Em textos anteriores destrinchamos alguns gêneros da black music nacional e internacional. Você pode por exemplo ler nosso texto sobre Soul e o nosso texto sobre o Funk Carioca bem aqui neste parágrafo, é só clicar!
O Mano Brown ficou conhecido como o líder do grupo Racionais Mc’s, um dos pioneiros no rap brasileiro e é o artista que encabeça esse disco, que conta com a participação de outros nomes da black music, diretamente (cantando) ou indiretamente (servindo de inspiração).
Esse não é um disco apenas de rap, mesmo levando o nome do Mano Brown. É importante marcar que o disco é um compilado de todos os gêneros e referências da black music que o Brown recebeu durante toda a sua vida.
Nesse disco você encontrará soul, funk, rap, disco-funk como ficou conhecida essa transição lá no final dos anos 60 até pouco antes da metade dos anos 70. É um disco diferente de tudo que o Brown já apresentou até agora.
Por que ir na contramão do que vem feito?
Em uma entrevista na internet, Mano Brown citou o momento fervoroso que vivemos politicamente e o quanto a sua música no grupo Racionais foi política nesse sentido.
Ir na contramão de um momento tão bom do rap, com artistas como Djonga, BK, Baco, Drik Barbosa e muitos outros, ao mesmo tempo que abre espaço para uma nova geração que vem, reconstrói a identidade da black music brasileira a partir de suas referências.
É claro que se tratando de black music, o funk carioca, o samba, o pagode, o rap, estarão muito mais presentes nos lares hoje do que o soul, o funk americano e etc, eles já tiveram o seu momento. Boogie Naipe traz eles de volta com um quê de “não esqueça de onde viemos”.
A estrutura do Boogie Naipe
Ídolo do funk e do Soul, no século passado James Brown esquentava as noites nos bailes norte americanos, propagando por aí um estilo mais dançante dos gêneros falados no início desse parágrafo.
Esse estilo mais dançante influenciou a música disco e muito do que veio depois, sendo responsável também por formar, no seu esqueleto, o hip hop que surgiu nos Estados Unidos na metade dos anos 70 e começou no Brasil no final dos anos 1980.
A estrutura do disco Boogie Naipe nos faz voltar ao final dos anos 1960 ai introduzir esse disco-funk e misturar com rap, ao mesmo tempo que traz homenagens ao nosso soul mais Brasileiro, como Tim Maia.
Como disse o próprio Brown, é um disco para se ouvir a qualquer hora do dia, em qualquer estado mental. É importante dizer que ter um tom diferente de toda a obra anterior do Brown não exclui seu teor político.
O negro que também fala em amar
Existe toda uma discussão acerca do samba que não é político, do rap que não é político, do funk que deixou de ser político. Tudo isso cria uma imagem de que o negro só é político se falar sobre o que o aflinge.
O racismo desconstrói a imagem humana do negro. Nesse sentido, falar de amor, de coisas banais da vida também é um ato político, uma vez que sentimos o mesmo que os brancos, mas aparentemente não podemos expressar isso.
Nesse sentido, além de toda a retrospectiva do que criou a black music brasileira, Boogie Naipe é um dos discos mais importantes da atualidade, sobretudo, por mostrar que também podemos dançar e falar de amor.
Acima você pode ouvir o Boogie Naipe inteirinho! Tchau Tchau
Deixe um comentário